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Promotores têm de evitar em Angola a “armadilha do sucesso”

Nelson Rêgo, está com a Prime-Yield em Angola há três anos e meio. Diz que é um mercado de oportunidades únicas, mas há que evitar o “armadilha do sucesso”, ou seja, não se pode chegar a este mercado e replicar o conceito de outras geografias.

A Prime-Yield, liderada por Nelson Rêgo, vai avançar com a sua primeira conferência sobre o sector imobiliário em Maio. O sucesso em mercados difíceis como Angola e ainda a experiência sobre o Brasil tornaram-se um caso de estudo. Na conferência vai ser possível analisar ainda os mercados do Brasil, Cabo Verde e Moçambique.

Quais os grandes objectivos da conferência Prime-Yield em Maio?
A conferência com o tema “O Investimento Imobiliário nos Mercados Lusófonos” tem como objectivo proporcionar a todos os participantes uma visão abrangente sobre oportunidades de negócio que estão a surgir em Angola, no Brasil, em Cabo Verde e em Moçambique. A nossa intenção foi a de convidar um conjunto de oradores que possuem uma vasta experiência profissional nos países acima referenciados e nos seguintes domínios:

  • os veículos de investimento apropriados a desenvolver negócio nos mercados lusófonos;
  • as formas de financiamento de projectos imobiliários;
  • o apoio às empresas na sua internacionalização;
  • os aspectos específicos relativos à análise dos investimentos imobiliários nesses países;

Todos os interessados poderão encontrar mais pormenores sobre a conferência em www.conferencia-prime-yield.com.

Que casos de sucesso poderão ser contados na conferência Prime-Yield?
Todos os oradores vão ter a oportunidade de, com os seus testemunhos pessoais, apresentar vários casos de estudo relativos aos vários países em análise. Vamos poder ouvir por exemplo:

  • como nasceu a Bolsa de Valores de Cabo Verde e como se financiam operações imobiliárias por essa via;
  • como surgiu o primeiro fundo de investimento imobiliário em Angola
  • como o capital de risco é uma excelente fonte de financiamento de empresas no Brasil

Acredita que o investimento imobiliário nos mercados lusófonos é, no momento, a melhor alternativa a promotores e construtores nacionais perante as dificuldades do mercado nacional?
No actual panorama do mercado imobiliário nacional os promotores / construtores nacionais têm de assumir como prioritárias a especialização em nichos de mercado e/ou a internacionalização, como forma de sustentabilidade das suas organizações. E, em termos de internacionalização, em minha opinião, face aos condicionalismos de toda a Europa, e, mais concretamente da nossa vizinha Espanha, os mercados lusófonos são uma extensão natural da actividade, quer pelas relações históricas e culturais (onde se inclui obviamente a língua), quer pelo enquadramento legal, em termos de urbanismo, ser similar ao português.

A Prime-Yield está no mercado angolano desde há três anos e meio. Que leitura faz desse mercado e que potencial antecipa para a indústria portuguesa do sector imobiliário e da construção?
A minha leitura é a de que o mercado evoluiu de forma exponencial quer sob o ponto de vista da qualidade dos profissionais que nele operam, quer pelo número de empresas que entraram no sector. Como em qualquer ponto do globo existem boas e más empresas e bons e maus profissionais.
Para a indústria portuguesa do sector imobiliário existe uma oportunidade única no mercado angolano, que encerra em si próprio um conjunto de características (como a perspectiva de crescimento sustentado ou o facto de a diversificação da economia criar novas necessidades imobiliárias) que, quando bem percebidas, poderão revelar um excelente retorno. No entanto, há que alertar para os riscos inerentes à entrada num novo mercado, neste caso o angolano, nomeadamente para o fenómeno a que poderemos chamar a “armadilha do sucesso”, no qual alguns promotores têm a tentação de cair, replicando modelos de negócio que funcionaram bem noutros pontos do globo, mas que se não forem ajustados, à realidade angolana estarão condenados ao insucesso, daqui deriva a importância dos sócios locais.

Que postura devem os gestores e os empresários ter na abordagem de novas geografias no espaço lusófono?
Considero que devem ter o espírito de aprendizagem contínuo e apetência para adaptar o seu modelo de negócio à realidade de cada um dos países, que, apesar da língua comum, têm culturas empresariais bastante distintas.

Angola parece ser um caso à parte relativamente a outros mercados africanos. Como devem os outros mercados ser abordados, nomeadamente Cabo Verde e Moçambique?
Enquanto que em Angola há um enfoque claro no imobiliário terciário e na construção de primeira habitação, em Cabo Verde existe um claro potencial para o turismo residencial, sendo que em Moçambique se processa a elevado ritmo a aprovação de fortes investimentos em infra-estruturas e projectos industriais.

Os empresários nacionais têm capacidade de financiamento e visão para o mega-mercado brasileiro?
O Brasil representa um “continente”, é um mercado que tem um risco cambial associado que já trouxe “dissabores” a empresários portugueses no passado. Como tal, a abordagem deverá ser necessariamente diferente dos demais países. No entanto, a estabilidade política, económica e social têm sido, no passado recente e no presente, factores de forte incentivo ao investimento estrangeiro. Em termos de financiamento ao imobiliário o Brasil dá agora os primeiros passos no crédito hipotecário, que será no futuro uma fonte a explorar. Se assim não for, continuará a ser determinante o envolvimento de capitais próprios na operação.
As fontes de financiamento, em minha opinião, não serão o factor decisivo. Determinantes serão a formatação do produto e o modelo de negócio e gestão a adoptar.

O que é que os portugueses poderão fazer de diferente no Brasil na vertente imobiliária?
Podem, de certa forma, ajudar no “grande mercado” que será a construção de primeira habitação, uma realidade com o crescendo de importância do crédito hipotecário, fruto da descida da taxa de juro. Pontualmente os promotores portugueses podem actuar em nichos de mercado específicos como por exemplo na hotelaria de segmento elevado ou na logística.

Nos vários mercados lusófonos, os empresários nacionais devem virar-se preferencialmente para o mercado étnico ou para o mercado local?
Tudo depende do nível de integração da empresa nesse mesmo mercado e da especificidade desse mercado. O tema da cultura da organização é determinante na estratégia e nos atributos dos produtos desenvolvidos.

Quais as grandes lições que a Prime-Yield tira da sua experiência internacional? Que cuidados é necessário ter na abordagem de novas geografias? Devem os portugueses avançar em grupo ou há condições para o sucesso de empresas isoladas?
As grandes lições que retiramos são:

  • todos os dias aprendemos com as várias realidades onde actuamos;
  • a cultura de cada escritório é determinante para a obtenção dos objectivos da empresa;
  • o conhecimento local dos nossos técnicos é a base para o sucesso e para a realização de um trabalho consistente;
  • a responsabilidade social é um dos vectores que une os nossos cinco escritórios do espaço lusófono.

Até agora, a generalidade das apostas externos dos gestores nacionais fazia-se com capitais próprios? É possível que esses mercados tenham um risco moderado, capaz de suportar operações via capital de risco, ou via fundos de investimento locais?
Cada vez mais os projectos valem pelas pessoas que neles estão envolvidas. O capital humano voltou a ser um activo determinante no sucesso de uma operação, pelo que o financiamento depende da confiança do financiador no projecto e nos seus líderes. Na minha opinião os dois caminhos são viáveis e para ambos existem, neste momento, exemplos de sucesso.

As transacções bancárias são fáceis com os vários mercados? O retorno de capital investido apresenta dificuldades em alguns desses mercados?
A estratégia da estrutura societária da Prime-Yield sempre passou por criar valor nos países onde estamos a operar. Nunca nos preocupámos em retorno de capital investido porque a nossa aposta não é de curto prazo, mas sim de ficar com operações autónomas e de apreciação de valor com uma perspectiva de longo prazo. Não é por acaso que a nossa assinatura é “Damos Valor ao Seu Futuro”.

Data: 23-02-2010
Fonte: Jornal Oje / Prime Yield

Prime Yield. Damos Valor ao Seu Futuro. RICS